sexta-feira, 5 de outubro de 2012

INCOMPREENSÃO

Inúmeras vezes me pergunto o que faz com que uma pessoa não seja compreendida. E o que faz com que essa mesma pessoa se rebaixe ao seu mais ínfimo ser a ponto de ser compreendida.
 
É importante para nós sermos compreendidos? Não vivemos nós numa sociedade democrática que nos deixe livre o pensamento, a expressão, a acção? Porque somos então criticados quando não nos compreendem? Porque somos discriminados?
 
Costumo dizer que "O que os outros dizem não me afecta." ou  "Eu não dependo da opinião dos outros para viver." Mas será verdade? Não estarei eu a levantar um "muro" para que simplesmente as críticas alheias não me possam atingir, infligir danos?
 
Vivemos numa sociedade democrática, vivemos num Mundo redondo, sem fim. Dependemos uns dos outros e tal como a vida é um ciclo, também a economia o é, também a política o é, também a vida social o é...
 
Precisamos de uns que se especializam para que todos possamos satisfazer as nossas necessidades. Precisamos de mais do que uma pessoa para criar um partido, uma instituição, uma empresa, um serviço. Para tanto, precisamos de nos compreender mutuamente para que possibilitemos que a vida flua, e flua socialmente.
 
Mas da mesma forma que precisamos de nos compreender, ao mesmo tempo e consequentemente, os nossos modos de vida ficam minimamente dependentes das críticas alheias, sejam elas de que natureza for.
 
Ficam dependentes porque sabemos que há regras a cumprir, regras de conduta pessoal, profissional enfim, social. E é a democracia que permite justamente essa dependência.
 
Também a vida de estudante numa faculdade passa pelo mesmo plano. Pensamos, expressamo-nos e agimos sendo criticados por isso. Muitas vezes sem se querer saber a verdadeira razão porque pensamos, expressamo-nos e agimos de tal forma. Não se vive ainda exactamente num Mundo profissional mas funciona exactamente da mesma forma. Com a arrogância que a vida traz consigo.
 
Vivemos no meio de todo o tipo de pessoas, desde as mais humildes às mais prepotentes que passam por cima dos outros para "chegarem ao topo", dizem. Mas qual topo? A vida tem topo? E tem fundo?
 
Como se pode ter a certeza que se chegou ao topo? Como se pode ter a certeza que se "bateu no fundo"? É a vida que dita? Ou são as pessoas que ditam os seus próprios "topos" e "fundos"? Mas isto interessa? Interessa passar por cima de outrém para se chegar a onde quer que seja? Qual a vantagem?
 
A vida é o conceito mais recheado de conceitos que eu já conheci. É também o conceito mais incompreensível que já conheci. E se a incompreensão já vem da origem, então teremos de viver com ela mesmo.

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